Tulcea
Tulcea, que agora se afunda
nos braços da noite, deixa atrás de si
o rumor quieto das águas
e a oscilação calma dos barcos,
numa despedida do verão. Deixo
que a noite invada os rostos
e que a escuridão engula as vozes,
que cantam a nostalgia, sem nome.
Adormecerei neste lugar,
em que uma voz
antiga me desperta,
adormecerei, e pouco a pouco,
o mistério do tempo desvelará
as ocultas formas da noite,
num breve murmúrio do infinito.
Em breve cantarão as aves no porto
esperando-te, enquanto
deslizam velozes, madrugada adentro.
Luminescendo o dia.
Discípulos da madrugada
Que a sombra desça e nos tome
no seu mistério, em que tudo
é passagem e limiar, presença
furtiva e incandescente.
O rio flui e nele se submerge
o teu rosto, a tua voz,
talvez a memória de outros rostos
e de outras vozes
cruzando-se na dobra do tempo
aparentando-se na escuridão,
talvez não sejam senão destroços
de um antigo sonho
ou de uma visão em sobressalto
do eterno.
Maria João Cantinho, inéditos.
Beto Paiva
Olá Maria Cantinho, bom dia. Lindos poemas…todo esse umbral muito me impacta. Obrigado Segue um abraço desta nossa primavera que surge para iluminar um outro tempo, um pais que queremos… Abraços
beto
Em sáb, 19 de out de 2019 às 15:07, Maria João Cantinho escreveu:
> Maria João Cantinho posted: “Tulcea Tulcea, que agora se afunda nos > braços da noite, deixa atrás de si o rumor quieto das águas e a oscilação > calma dos barcos, numa despedida do verão. Deixo que a noite invada os > rostos e que a escuridão engula as vozes, que cantam a ” >
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Marcos Mendes Pontevedra
BOA NOITE, PREZADA POETA!
TRABALHOS SUBLIMES, POESIAS DE MUITO BOM GOSTO, ARREMATANDO O LEITOR DE MANEIRA MISTERIOSA E DOCE.
PARABÉNS! SUCESSO!
SAUDAÇÕES,
MARCOS MENDES PONTEVEDRA
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AMCD
Gostei muito destes dois poemas. Do silêncio e do rumor que encerram – o “rumor quieto das águas” – dos hipnóticos sons que nos adormecem e do suave acordar com o longínquo grasnido das aves nos portos e com a crescente luminescência da madrugada. Gostei muito.
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Orlando Alves
A excelência da poesia caminha por veredas verdes do infinito.
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