Partes lentamente da vida
num barco ébrio de sangue
onde se inscreve a pele da noite
nesse festim. Dobras o vento, esse uivo
que chega do Norte, nas pegadas de um silêncio
interdito e em que calas os nomes
desenhados na lucidez das mãos.
Ninguém lê as pedras, os sinais,
Ninguém decifra o traço de sangue desse navio
Que navega em direcção a uma ilha,
Neste arquipélago de solidão.
Os gestos são irremediáveis, no instante
Em que tudo refulge para se afundar. Ninguém ouve
Este naufrágio perdido no canto de um marinheiro
Que sabe não voltar. A viagem é sem retorno.
Tu sabes, vais a caminho.
Maria João Cantinho
Luís Filipe Miranda
«(…)
Que navega em direcção a uma ilha,
Neste arquipélago de solidão.
(…)»
E assim se vai partindo lentamente, porque «a viagem é sem retorno» e eu sei disso.
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Maria joão Cantinho
Só há uma que não tem retorno, as outras são ensaios para a despossessão. Beijinho, Luís.
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