Eu era Hamlet. Estava à beira-mar e falava, com a ressaca, na língua do blablablá. Atrás de mim, as ruínas da Europa.
Heiner Müller
Nos poemas, dir-me-ás,
poeta de mãos melífluas e cigarro cansado,
pode ainda escrever-se o nome de deus
esse hieróglifo sujo de sangue
ainda me citas o outro ,
enquanto vazas o copo
e as notícias passam na TV
voltaste as costas para as imagens
nem Platão o diria melhor
ao falar desse modo de estar
humano, avesso à verdade
seja por conforto ou vontade de ignorar
a beleza já não mora aqui
romântica e apaixonada pela morte,
os poetas, observo, olhando para ti,
tornaram-se obesos
e isso seria o menos grave
não fosse a obesidade uma metáfora.
E tudo não passa de blábláblá
Atrás de ti não há deuses nem poemas
escrevem-se apenas os caminhos da morte,
sim, já não há vencedores
apenas vencidos
mas tu não vês,
estás de costas voltadas
e falas dos nomes de deus.
In “Do Ínfimo”
Anonymous
Adoro, amiga!***
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Maria João Cantinho
Obrigada!
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Anonymous
Adorei, parabéns!
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Maria João Cantinho
Muito grata!
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